terça-feira, 10 de julho de 2012

A sangria da pátria

 A visualização deste documentário despertou-me alguma tristeza.
Pude contextualizar o Portugal de outrora: um Portugal marcadamente rural, politicamente fechado, devido ao sistema de ditadura vigente e sem perspetivas de progresso à vista.
O atraso secular em que Portugal se encontrava fez com que aumentasse drasticamente o êxodo rural, na tentativa de fuga à precariedade e miséria extrema que a população se sujeitava.
A falta de trabalho, o fraco desenvolvimento económico, a visão retrógrada do nosso soberano desencadeou um fluxo emigratório sem precedentes na história de Portugal.
A França foi um país de eleição, visto encontrar-se em franca expansão económica, o que implicava o recrutamento de trabalhadores e lamentavelmente para funções pouco qualificadas na indústria transformadora, na construção civil ou no trabalho doméstico.
Estes trabalhadores, por vezes, eram explorados e viviam miseravelmente, quase um modo de vida sem dignidade.
Muitos viajavam clandestinamente, sem mínimo de condições, alguns sucumbindo mesmo antes de destino final.
E por lá se fixaram, trabalhando dia e noite na ambição de amealharem dinheiro, por forma a aumentar o seu pecúlio e construírem uma casa no seu país natal.
Os nossos emigrantes procuravam uma forma de passar a mensagem de que tudo corria bem, quando na verdade para alguns era uma realidade ambígua e muito relativa.
Este é o retrato social de um Portugal que não soube investir e acreditar nos seus filhos, que coagidos partiram à procura de uma vida melhor.
Por lá se estabeleceram e criaram raízes.
Raízes essas, que atualmente não lhes permitem interromper os laços e afeições que reciprocamente os unem no país de acolhimento.

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